Será que a queda da Selic trará um cenário favorável ou desafiador para os próximos anos? Entenda como o resultado das eleições impacta diretamente o seu bolso!
Por Me Poupe!
Uma das maiores preocupações de grande parte da população num ano eleitoral é a economia. Ainda mais com um histórico de aumento da taxa de juros e disparada da inflação, o questionamento mais comum é: o que vai acontecer depois? Será que a queda da Selic vai trazer bons resultados e oportunidades para os investidores? Ou viveremos um mundo ainda mais assombroso?
Precisamos adiantar que, não, não temos bola de cristal para te dar uma resposta precisa. Mas, vendo historicamente o que aconteceu em anos eleitorais, a inflação e a Selic subiram na maioria dos anos posteriores às eleições presidenciais.
Em um levantamento feito pelo Poder360, das últimas 5 disputas presidenciais, o índice de preços ao consumidor teve alta em 2002, 2006, 2010 e 2014. Já os juros aumentaram após os resultados de 2002, 2010 e 2014.
Dá só uma olhada no infográfico abaixo, que ilustra melhor essa distribuição:
É importante entender algumas coisas sobre esses dados:
- Após as eleições de 2018, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) não ficou acima do nível do período eleitoral. Ele encerrou 2019 em 4,3%.
- A maior alta em pontos percentuais da inflação foi em 2002, quando saiu de 8,5% para 17,2%.
- Outro crescimento expressivo aconteceu em 2014, quando o IPCA saiu de 6,6% para 10,7%, uma alta de 4,1 pontos percentuais.
- A Selic estava em 21% ao ano em outubro de 2002. Ela subiu para 26,2% a.a. até fevereiro de 2003, e terminou o ano em 16,5%. No entanto, o efeito da alta dos juros naquele ano foi sentido sim nos anos seguintes. E isso acontece porque a política monetária têm efeitos defasados na economia.
- Em 2014, durante o governo de Dilma Rousseff, a Selic passou de 11,25% em outubro para 14,25% ao ano em julho de 2015. Ela ficou nesse patamar até outubro de 2016. Foi bem nesse meio tempo que a ex-presidente sofreu o processo de impeachment e deixou o Palácio do Planalto.
Mas, qual é o cenário para 2023?
Esse histórico das eleições mostra que é bem comum a alta dos 2 indicadores no momento pós-eleição. Historicamente, a volatilidade dos ativos de risco (como ações e moedas, por exemplo) aumenta com a proximidade das eleições.
No entanto, nesse período em que os candidatos realizam suas campanhas, o ritmo de trabalho diminui em Brasília. Logo, a discussão e aprovação de projetos perde espaço.
Segundo Frederico Nobre, head de análise da Warren, é pouco provável qualquer aprovação mais relevante de políticas públicas até o final do ano. “Em outras palavras, ao meu ver, o que dava para fazer, já foi feito”, ele diz.
É importante lembrar que o preço dos combustíveis e a alta da inflação ainda permanecem no foco do eleitorado, apesar das reduções recentes da gasolina e dos preços de energia e queda da Selic.
Inclusive, o potencial fim do ciclo de altas da taxa de juros brasileira, iniciado em março de 2021, beneficia diretamente as ações, reduzindo a taxa de desconto futura e impactando positivamente o valuation dos papéis e o mercado de renda variável, explica o analista da Benndorf, Niels Tahara para o MoneyTimes.
Assim, até o final deste ano, Nobre acredita que não existe tanta margem de mudança no espectro político de modo a afetar materialmente os preços dos ativos.
O cenário é incerto?
“O cenário ainda é muito incerto, mas o mercado costuma antecipar as tendências e os preços dos ativos de risco brasileiros já parecem incorporar o cenário base: Bolsonaro x Lula”, ele explica.
E reforça, dizendo que os movimentos que precisamos prestar mais atenção estão relacionados ao cenário macro internacional, com as taxas de juros aumentando no mundo todo e desaceleração na atividade econômica.
Quem quer que ganhe as eleições por aqui, terá um desafio pensando no ambiente fiscal e gastos públicos para 2023, em um contexto de baixo crescimento.
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