O sobe e desce do dólar, e como isso afeta o seu bolso

09 de November | 2022

“O dólar foi cotado em alta”, “o dólar caiu”, “o dólar tá caro”, “vamos atrair dólares para o país”, “o investidor estrangeiro vai injetar dólar na economia”, “o barril de petróleo tá cotado em dólar”.

Eu aposto que você já ouviu um monte dessas frases em noticiários, manchetes ou em conversas informais por aí. Isso é mais um reforço do fato de que existe um monte de materiais falando sobre o dólar e sobre o quanto ele é importante para a economia. Mas aí eu te pergunto: por que o dólar é tão importante e como ele afeta o nosso bolso?

Do ouro às cédulas de papel

Antes do dólar ganhar proporção de moeda global, existia no mundo outro tipo de padrão. O ouro era a reserva de valor vigente,com uma série de vantagens que faziam dele um bom material para servir como moeda de troca, como a durabilidade, a escassez, a dificuldade de minerar e a dificuldade de fraudar. 

Assim, usar o ouro – ou uma moeda lastreada com esse material – dava muita estabilidade para as economias dos países.  Com isso, viveu-se um período de grande crescimento e de grande abundância enquanto o mundo esteve no padrão ouro.

Os Estados Unidos foi o primeiro país a usar cédulas de papel como moeda de troca. Essas cédulas eram, na verdade, minicontratos de custódia que asseguravam que os bancos tinham nos seus cofres aquela quantia correspondente em ouro. 

Como o ouro é difícil de carregar, pesado, praticamente um trambolho, ficou mais fácil que as pessoas trocassem entre si apenas os pedaços de papel. A parte ruim disso é que cada banco tinha as suas próprias cédulas e, muitas vezes, de valores diferentes, o que dificultava as trocas.

Até que, em 1903, foi criado o Federal Reserve (FED), no qual o Banco Central americano centralizou a custódia do ouro de todos os bancos privados e emitiu uma única nota padrão para todo o país.

Com esse protagonismo, em 1944, aconteceu o acordo de Bretton Woods, um pacto global que elegeu o dólar como a moeda global. Assim, o dólar seria a única moeda que continuaria tendo lastro em ouro e as moedas dos outros países seriam pareadas ao dólar.

Estava tudo indo bem até que, em 1971, o presidente americano Richard Nixon acabou com o padrão ouro no que ficou conhecido como “O Grande Calote”. 

“Tá Gustavo, mas isso foi lá nos anos 70. Agora, como o dólar continua sendo tão importante mesmo com essas confusões todas?”

Calma, vamos chegar lá!

Foi a partir de então que muitas das coisas que conhecemos hoje começaram a aparecer: inflação, alto endividamento dos governos e das pessoas, perda do poder de compra e as crises globais.

O dólar e o bolso do brasileiro

Petróleo 

Sabemos que o petróleo é fundamental para sustentar a nossa vida moderna. Eu sequer consigo listar quantos produtos usados hoje tem a sua origem no petróleo. 

Se para comprar petróleo, por exemplo, eu preciso de dólar – já que a comercialização dessa matéria foi instituída nesta moeda -, já dá para entender que o dólar detém um poder absurdo.

Só que não é só o petróleo que é negociado em dólar, praticamente todas as commodities são negociadas em dólar. 

Commodities

As commodities são mercadorias primárias produzidas em larga escala que fornecem matéria-prima para diferentes setores da sociedade. Seus principais tipos são: agrícola, pecuário, mineral e ambiental.

A função delas é prover matérias-primas para a fabricação de diversos produtos industrializados, ou seja, produtos básicos. Dentro dessa seara das commodities estão itens como: arroz, feijão, soja, trigo, grãos em geral, minério de ferro, metais, gado, leite, etc.

Agora esse quebra-cabeça tá começando a fazer sentido? 

Presta atenção na linha de raciocínio que vou montar adiante.

  • Se aqui no Brasil os produtores não conseguirem produzir arroz o suficiente para abastecer o mercado e tiver que comprar de fora, pagará em dólar? Sim!
  • E se tiver faltando trigo para fazer pão e pizza e o Brasil tiver que comprar da Rússia,  pagará em dólar? Sim!
  • Mas caso a Rússia entre em guerra com a Ucrânia e passe a não vender trigo pra ninguém, vai ter que comprar de outro lugar mais caro – e em dólar? É isso aí.
  • Eita! Com o dólar valendo R$5,00, se o produtor de arroz brasileiro quiser vender pra fora e faltar arroz aqui no Brasil, ele pode? Sim!
  • Aí teremos que comprar arroz de fora e pagar em dólar? Bingo. Foi exatamente o que aconteceu em 2020!

Acho que deu para perceber que o câmbio tem uma forte influência em tudo o que a gente consome no dia a dia, e que já é assim a muito tempo.

Será que isso vai mudar um dia? 

Impossível prever, mas o que sei é que é importante a gente estar sempre atento às variações do câmbio, pois elas impactam muito o nosso poder de compra, é claro que não é o único fator mas é um ponto importante e que merece a nossa atenção.

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