O medo que paralisa: será que posso confiar no meu governo?

31 de May | 2022

Ô-lá Me Poupeiras e Me Poupeiros! 

Quem vem lendo os textos da coluna, sabe que estamos em uma viagem entendendo o cenário, a história e vamos construindo o quebra cabeça que é um ser humano. Tudo que permeia a nossa vida e, principalmente, os comportamentos que interferem no nosso bolso. 

Sim! Cada parada da nossa viagem aborda um pouquinho mais sobre como construímos a nossa tomada de decisão. Pega lá o teu “Kit viagem das descobertas” e partiu pra penúltima estação dessa viagem. 

Quinta estação: TRAUMA PSICOLÓGICO 

Essa estação é aquela que precisa de uma respiração bem profunda antes de ser acessada, e sabe por quê? Porque ela mexe nos monstrinhos que guardamos, na caixa de lembranças difíceis que preferimos nem olhar. 

Mas eu estou aqui contigo e te garanto que depois de conhecer essa estação, a percepção sobre sua vida financeira será diferente. 

Primeiro, o que é um trauma psicológico? 

O trauma psicológico muitas vezes é compreendido socialmente como situações de grandes proporções, como um assalto, violência ou um acidente de carro, isso é inquestionavelmente traumático. Contudo, não são somente situações extremas que geram esse impacto. 

O trauma é compreendido como todo e qualquer evento que gera um impacto psicológico elevado e que o nosso cérebro não consegue lidar emocionalmente, como por exemplo, uma demissão, ter passado por restrições financeiras ou uma perda significativa de capital financeiro. 

O trauma afeta diretamente o nosso cérebro. Afinal, tudo que acontece na nossa vida se torna uma memória, e é assim que nos recordamos dos eventos passados da nossa vida. Portanto, toda vivência (memória) constrói a leitura que o cérebro faz sobre o mundo, a sua percepção e a interpretação das emoções, comportamentos, sensações e pensamentos, assim, diversas reações automáticas (aquelas que nem pensamos, só fazemos) ocorrem por associações sem que tenhamos um controle consciente sobre isso. 

O impacto do trauma permeia o nosso comportamento, isso significa que por mais que você não tenha passado pela situação, se a sua mãe, avó, pai, tio, avôs ou antepassados passaram, indiretamente você também sofrerá as consequências. Isso se chama, trauma transgeracional – o que é tema para uma próxima conversa. 

Mas vamos a um exemplo prático?

Imagina que a tua mãe faz a tradicional receita familiar de frango assado, ao colocar para assar sempre retira as asas. Naquele dia, tu estás muito curiosa(o) em aprender a receita e pergunta: “por que cortar as asas?”, a resposta dela é: “tua avó me ensinou assim”. Você, muito determinada(o) em entender a receita vai até a avó e pergunta: “vó, porque na receita familiar cortamos as asas do frango?”, ela responde: “não sei, a tua bisavó me ensinou dessa forma”. Ainda inconformada(o), vai até a bisavó e pergunta: “bisa, porque cortamos as asas do frango?”, ela responde: “porque o forno era pequeno e precisava cortar para caber”. 

E aí está o pulo do gato! 

Às vezes, os comportamentos são passados de geração para geração, mas sem um questionamento ou uma compreensão sobre isso. E é para isso que quero chamar a tua atenção. 

Agora, presta atenção! 

Você sabe o que foi o confisco da poupança? 

Se sim, acabou de ganhar uma estrelinha. 

Se não, você acabou de receber a oportunidade de aprender! Ah, que festa do aprendizado!

Em 1990, o presidente Fernando Collor lançou a medida provisória de confisco de contas bancárias e poupança de todos os brasileiros por 18 meses, a justificativa para a decisão monetária era acabar com a inflação que atingia 80% ao mês. Esta ação impactou negativamente a economia local, e sabe por quê? 

Pense em você juntando seu suado dinheiro mês a mês, “investindo” disciplinadamente na poupança e do nada, sim, do nada… BUM, acabou. No outro você acorda e não pode usar seu próprio dinheiro. Foi basicamente o que aconteceu em 1990. A população “menos” afetada foi a que possuía imóveis, pois neste caso, o estado não poderia desapropriar o titular daquela terra. 

E este é o ponto crucial da nossa conversa, você talvez não tenha vivido essa época, mas seus pais sim. Isso gerou uma quebra de confiança no Estado e fez com que muitos “investidores” não acreditassem no princípio de seguir aplicando o dinheiro, pois criou-se o senso “posso perder tudo a qualquer momento”. 

Trágico, né? E isso certamente foi traumático para inúmeras famílias, pode ter sido inclusive para a sua. 

“Okay, Daiane. Mas isso pode acontecer novamente?”

NÃO! Tendo em vista o confisco da poupança, em 2001 foi aprovada a Emenda Constitucional nº 32, que impede qualquer medida provisória para a detenção ou o sequestro de bens, como a caderneta de poupança ou qualquer outro ativo financeiro. 

Devo confiar meu dinheiro ao governo? 

Depende! Essa resposta somente você terá. Mas saiba que hoje existe uma lei que protege você e seus bens! 

Por fim, é importante entender que os “fantasmas” e “medos” foram reais, fizeram parte de um trauma coletivo. Porém, ao tomar nota do impacto disso, podemos fazer escolhas diferentes na nossa vida financeira. 

Faça o exercício:

1. Quando penso em investir, quais foram as coisas que aprendi?  
2. A minha família passou por alguma situação de perda ou restrição financeira?
3. Quais são as crenças da minha família com o dinheiro? 
4. Faça escolhas diferentes. 

Me conta nos comentários!
Até a próxima! 

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