Como Bela Gil substituiu a sabotadora interna pela empresária milionária?

28 de April | 2022

No novo episódio do Don@s do Dinheiro – Edição Girlboss, Bela Gil conta como aproveitou a curiosidade e os gaps do mercado para lançar produtos e impactar positivamente as pessoas sem perder a sua essência. Vem ler!

Por Me Poupe!

Quando falamos em Bela Gil, a primeira coisa que vem na cabeça das pessoas são as piadas de substituição. Mas, olha só, a gente pode substituir essa lembrança (risos) por alguns feitos impactantes dessa empresária de sucesso. 

A cozinheira tem 1,6 milhão de seguidores no Instagram, é escritora de best-sellers, dona de produtos licenciados que vão de calcinhas e absorventes de tecido a alimentos, e abriu há pouco tempo um restaurante super-charmoso na Vila Madalena, em São Paulo.

No segundo episódio do Don@s do Dinheiro – Edição Girlboss, Bela conta pra nossa musa das finanças, a Nath, que aproveita essa sua ligação e autoridade com alguns assuntos que fazem parte dos seus valores enquanto ser humano pra impactar positivamente as pessoas e gerar reflexos em diferentes nichos da sociedade. Quem imaginou que a farinha de babaçu usada numa mistura de bolo teria um impacto gigantesco em comunidades do Xingu? Fica aí o spoiler!

Se você ainda não assistiu ao episódio na íntegra, clique aqui. Mas se você quer dar uma espiada nos highlights deste bate-papo, segue aqui com a gente!

Nath: Você já parou pra pensar que você é uma girlboss?

Bela: Não. Me olham, me enxergam muito mais como uma girlboss do que eu acredito que eu sou. Pra mim, foi algo que aconteceu naturalmente. Não é como se um dia eu tivesse sentado e planejado que queria ser rica ou ter mil negócios. Foi uma construção que levou à outra.

Quando eu lancei o meu primeiro livro, eu nunca imaginei que fosse vender tanto. No primeiro ano, vendeu mais de 100 mil cópias. Agora, estou escrevendo um outro livro e isso me faz pensar que eu nunca imaginei que fosse ser uma escritora. A minha vida é uma caixinha de surpresas.

Nath: Ser filha de Gilberto Gil, um dos maiores ícones da cultura brasileira, te ajudou ou te atrapalhou?

Bela: Eu acho que me ajudou. Eu sou filha dele e é estranho falar assim, mas eu acho o meu pai uma pessoa extraordinária e um cara incrível. Antes de tudo, ele também é um ídolo pra mim e eu acho que ele ser meu pai me ajudou em vários sentidos.

Talvez, se eu fosse cantora, como a minha irmã, eu sofresse mais porque haveria mais comparação. Eu não sinto isso e nunca foi assim. Eu construí o meu caminho. Eu fui morar fora muito cedo, construí minha família longe… Então, é uma benção ser filha do meu pai. Isso só me trouxe coisas muito boas.

Nath: Eu acho uma coisa muito bacana de pessoas que viram negócios porque tem muito a ver com a essência. As marcas gastam, pagam ou investem milhões de reais para descobrir a essência da marca. Você, como Bela Gil, já vem com essa essência. Como foi essa transferência de quem você é enquanto Bela Gil para se tornar um produto?

Bela: Essa é a questão da pessoa física para a pessoa jurídica. Tem gente que fala que eu sou tipo um selo, o selo Bela Gil de Qualidade! Se a Bela aprova, eu compro. E isso foi de uma maneira muito natural, porque era uma novidade para muitas pessoas e muitas marcas.

Por exemplo, a calcinha. Eu uso há muitos anos, desde que eu morava em Nova York. E aí eu resolvi fazer um vídeo falando sobre a calcinha de menstruação. E, pouco tempo depois, ele bateu 1 milhão de views. Eu não fazia a menor ideia de que aquilo seria atraente! Minha intenção era apenas apresentar essa alternativa. E, boom! Alguns anos depois, tinha a calcinha Bela Gil e outras marcas de calcinha.

Então, essa construção foi pela minha vontade de compartilhar coisas que, na minha vida, fazem muito sentido. A minha essência é muito transparente, muito verdadeira. Eu carrego muito a verdade, o que as marcas buscam muito. E a minha vontade de poder compartilhar o que faz bem pra mim, o que é muito bom, o que eu gosto, e eu faço isso com vontade, fez com que eu tivesse vários produtos e várias coisas.

Nath: E o que te faz criar um novo negócio?

Bela: Eu gosto muito dessa relação com as pessoas…. Eu poderia responder essa pergunta de várias maneiras. Eu poderia ser muito rica se eu aceitasse todas as propostas de trabalho que chegam até mim. Como, por exemplo, de marcas que não condizem com a minha ideologia, mas eu estaria muito bem. De dinheiro. Mas na minha cabeça, não estaria bem.

Nath: Quais propostas absurdas já te fizeram?

Bela: Já chegaram diversas propostas de produtos ultraprocessados. Eu acho que tem gente que me busca para ajudar na imagem de transição de uma empresa. Isso, às vezes, eu acho isso OK. Mas tem gente que vem e não custa tentar.

Agora eu trabalho com uma agência que ajuda a blindar essas mensagens. E quando começamos a pensar no que deixamos de ganhar, no que poderíamos fazer, isso é uma carga mental muito grande e estressante. Você recusar uma proposta de milhões? É difícil. Mas eu tenho uma integridade que é muito difícil ultrapassar.

Agora estou nesse lugar em que eu preciso facilitar a vida das pessoas para colocar tudo o que eu acredito sobre alimentação em prática. Só que isso não depende só de mim.

Nath: Também existe isso na sua busca de unir a sua essência com algo que possa ser rentável e, ainda, ajudar a pessoa que está na ponta? Como você pensa essa cadeia?

Bela: Alguns produtos que criei, como a linha com a Mãe Terra, sempre têm alguma condição. Nesse caso, era necessário utilizar alguns ingredientes. Numa das misturas pra bolo, minha condição era utilizar a farinha de babaçu, que não é conhecida por ninguém.

Nós comprávamos a farinha de uma comunidade no Xingu. Então, esse bolo para alguém que faz em casa é só uma mistura para bolo. Para mim, é uma forma de você apoiar as pessoas que moram naquele território e a se manter naquele território. 

Então, a pessoa que está comprando uma mistura de bolo com farinha de babaçu, ela está fazendo bem para uma cadeia inteira. Ela não deixa só a floresta em pé, mas está preservando uma comunidade e uma biodiversidade.

Nath: Já usaram o dinheiro pra te criticar?

Bela: A gente vai pagar as contas como? Nós vivemos num sistema capitalista onde cada um tem que batalhar pelo seu, e eu tô batalhando pelo meu. E eu recebo muita crítica, muita crítica. Muita gente acha que, se você é a favor de uma alimentação mais saudável, significa que você tem que ser aquela natureba hippie, andar descalça e viver de luz. Mas eu preciso pagar a luz da minha casa!

Essas críticas não me pegam porque falta fundamento. As críticas vazias, que parece que pegam a gente, realmente não me pegam. São aquelas que vêm de pessoas que realmente entendem do que estão falando, e não estão falando de maneira gratuita.

Nath: Eu queria entender se suas parcerias são frutos de insights seus ou vêm de uma curadoria de propostas?

Bela: Esse espectro tem muito a ver com a minha verdade. Isso é muito bom para mim, para a minha saúde, meu corpo e o meio ambiente. Então, se todo mundo tivesse a oportunidade de consumir isso, por que não? Então, eu decidi empreender.

E eu tenho que dizer que não consigo fazer isso sozinha porque, graças a Deus, tenho um homem muito maravilhoso do meu lado que, além de marido, pai e tudo mais, é um parceiro de negócios. Se não fosse ele, eu não teria ⅓.

Nath: Por que?

Bela: Porque, primeiro, ele acredita em mim mais do que eu mesmo. E isso já ajuda. Ele me joga lá em cima e isso faz total diferença.

Nath: Você já se pressionou ou se sentiu pressionada com todos os papéis que exerce?

Bela: Olha, eu sou regida pela culpa. Ócio para mim era um problema. É aquele sentimento de culpa que invade o corpo inteiro e eu preciso sair daqui para fazer alguma coisa. E isso se torna ainda pior quando somos mãe.

Nath: E como você virou essa chave?

Bela: Foi aí que eu descobri o poder da mulher. Eu fiz um mestrado sobre ciências gastronômicas e, na minha dissertação, eu escrevi sobre o trabalho doméstico não remunerado, um trabalho feito majoritariamente pelas mulheres e que tem um valor econômico mundial absurdo, que chega a mais de R$10 trilhões de dólares por ano. Isso significa que o nosso sistema capitalista é subsidiado por um trabalho não remunerado.

A minha argumentação é que esse trabalho deve ser remunerado porque a mulher produz e cuida do maior bem do nosso sistema, que é a nossa força de trabalho. Na minha pesquisa, eu li uma mulher maravilhosa chamada Silvia Federici, que escreveu um livro importantíssimo para a minha dissertação e para o meu apaziguamento, que chama O ponto zero da revolução. Aí, eu entendi: o trabalho doméstico faz com que todos os outros trabalhos sejam possíveis.

Nath: E como foi com você essa divisão entre Bela Gil pessoa física e Bela Gil pessoa marca? Fica tudo no mesmo bolo?

Bela: Fica tudo no mesmo bolo. Agora, tendo um negócio meu, que é o restaurante, eu comecei a entender que aquilo é realmente meu. E bateu um desespero de saber que eu tenho um negócio no meu nome. Se a gente não tá no vermelho, se a gente lucrou alguma coisa, pra mim tá suficiente. Pra mim, o que importa é a última linha, da última página da planilha de contas. E se deu vermelho, eu quero entender o que deu errado.

Nath: Bela, quais três dicas você daria para quem está começando agora?

Bela: Conhecer o cliente é muito importante, mas é aquilo que falamos anteriormente: às vezes, o cliente não sabe qual é a necessidade dele. E isso vai para o seu lado de autoconhecimento, da sua criatividade, de você saber que, se funcionou pra você, pode funcionar para outra pessoa.

Você também pode usar da autoconfiança para fazer testes, porque pode ser que seja útil para você entender que o seu produto ou serviço não está desenhado da forma ideal. Faça um protótipo com pouco para entender se a sua ideia vai funcionar ou não.

Finalmente, eu acho que tem o lance da culpa de não estarmos fazendo um trabalho produtivo, que a sociedade pensa que é produtivo. E uma coisa que me ajuda é fazer uma retrospectiva das maiores dificuldades que eu já tive na vida e entender que eu consegui superar todos esses desafios.


E uma dica extra da nossa rainha das finanças: mensure as suas conquistas. Às vezes temos um sonho tão grande, tão distante, que o pouquinho que a gente faz, passa despercebido.

Demais esse papo, né? Dá pra tirar diversos aprendizados. Se você gostou do papo e quer ver o episódio da íntegra, clica aqui já!

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