Por que pobres pagam mais impostos?

Será que a balança dos impostos está equilibrada? Já vou te dar um spoiler: a resposta é não! As pessoas pobres pagam mais impostos do que pessoas ricas.

Por Me Poupe!

Se alguém te perguntar qual das duas frases abaixo é verdadeira, o que você responderia?

Frase 1: O Brasil é o país em que se paga mais impostos no mundo.

Frase 2: O pobre é quem mais paga impostos nesse país

Se você respondeu que as duas frases são verdadeiras, acertou.

E pra entender melhor o porque isso é verdadeiro – e preocupante – dá o play no terceiro episódio de Os Caminhos do Dinheiro aqui em cima ☝

Você sabe o que é capacidade contributiva?

Para começar esse post, é preciso entender que está estabelecido na Constituição Federal de 1988 o princípio da capacidade contributiva.

“Mas o que é isso, Me Poupe!?”

Calma, criatura! Vou te explicar!

O termo “capacidade contributiva” se refere ao que cada um deve contribuir conforme a própria capacidade financeira. Isso significa que quem ganha mais deve pagar mais impostos, quem ganha menos deve pagar menos.

Mas, apesar da Constituição estabelecer que quem ganha mais deve pagar mais, e quem ganha menos pagar menos, o sistema tributário atual faz exatamente o contrário e aumenta a desigualdade.

Mas quem paga mais imposto no Brasil?

Mulheres negras e pobres são as que pagam proporcionalmente mais impostos no Brasil. Dá pra acreditar? Esses dados são de uma pesquisa da Oxfam Brasil.

“Mas, Me Poupe!, como isso é possível?”

Veja bem, Me Poupeira! e Me Poupeiro!: isso acontece porque nossa tributação recai mais sobre o consumo, e não sobre a renda e patrimônio.

Então, pensa assim: na hora de comprar na padaria ou na loja de roupas, pobres e ricos pagam os mesmos impostos, independentemente de quem ganha mais ou menos.

Já nos impostos cobrados sobre renda e patrimônio, a lógica é outra. Enquanto um trabalhador tem desconto direto na sua fonte de renda, os muito ricos contam com isenções e mecanismos que podem reduzir drasticamente o quanto pagam efetivamente de impostos. Assim, os impostos recaem proporcionalmente mais para quem tem menos.

Desde 2011, a equiparação de renda entre negros e brancos está estagnada. Entre 2016 e 2017, os brancos mais ricos tiveram ganhos de rendimentos de 17,35%, enquanto negros incrementaram suas rendas em apenas 8,1%.

Desigualdades impedem mobilidade social de mulheres negras e pobres

Gênero e raça são questões que estão nas raízes das desigualdades brasileiras. Como as mulheres negras estão na base da pirâmide social e o sistema tributário brasileiro é muito regressivo, obviamente, elas acabam pagando mais tributos enquanto homens brancos, em geral, estão no topo da pirâmide e são mais ricos. Dessa forma, isso afeta diretamente nas oportunidades para mobilidade social.

O processo de exclusão e desigualdades no Brasil afeta sobretudo as mulheres negras que vivem nas periferias e favelas do país. A situação dessa população é especialmente dramática, porque sofre racismo, ocupa os postos de trabalho mais precarizados e têm mais possibilidades de sofrerem violência.

São as mulheres negras as maiores vítimas do feminicídio, as que têm menos acesso a todos os serviços públicos e as que mais morrem vítimas do aborto inseguro no país. Segundo o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elas são as maiores vítimas de violência doméstica no país. Além disso, das 1.206 vítimas de feminicídio em 2018, 61% delas eram negras. Há, portanto, algo muito errado nisso tudo.

É por isso que esse momento de eleição é a hora de repensarmos bem os nossos votos. As decisões futuras impactam diretamente a construção de uma sociedade mais justa em todos os sentidos.

E é isso o que nossa musa das finanças está falando na primeira série original Me Poupe!, Os Caminhos do Dinheiro. Pra ver tudo o que rolou e se preparar para o episódio final, clica aqui e faz uma maratona.

A única certeza é que você não sairá da mesma forma depois de assistir a esses vídeos. Domingo tá aí. E quem toma a decisão e arca com as consequências é você.