Nova regra de marcação a mercado pode afetar seus investimentos

23 de January | 2023

Desde o dia 02 de Janeiro, está em vigor uma nova regra definindo que CRIs, CRAs, debêntures e títulos públicos federais sejam exibidos, nos saldos dos investidores, com o valor de referência, ou seja, o valor de marcação a mercado. Quer entender como isso afeta os seus investimentos?

Por Professor Mira!

Quero começar dizendo que, na prática, essa mudança significa que você verá, no seu saldo para estes tipos de investimentos, exatamente o quanto eles valem dia a dia. 

“Como assim, Mira?”

Você verá o quanto você terá em dinheiro se resolver se desfazer do ativo no mercado secundário, antes do dia do vencimento do mesmo. 

A nova regra de marcação a mercado é boa para o investidor? 

A meu ver é positiva sim, pois fica mais transparente e simplifica o gerenciamento da carteira. Vai ficar mais fácil avaliar se vale a pena negociar seus ativos no mercado secundário, evitando que decisões precipitadas levem a prejuízos ao se desfazer antecipadamente de algum título. 

Por outro lado, essa mudança permite ainda que se aproveite a valorização de algum título para realizar lucro antecipadamente. 

Marcação a mercado: entenda o que é

Mas aí, você entrou neste conteúdo e nem sequer sabe o que é a marcação a mercado. Antes de falar dela, é importante que você compreenda como se dá a negociação dos títulos de renda fixa. Vamos lá!

Ao adquirir um CRI, CRA, debênture ou título público federal, o seu dinheiro está sendo emprestado por um tempo determinado (vencimento do título), em troca do recebimento de juros a serem pagos em datas predefinidas (ao longo do contrato ou integralmente na data de vencimento).

Essa negociação acontece no chamado mercado primário. Isto quer dizer que o título é comprado no seu lançamento e se, por algum motivo, você quiser retirar de volta o seu dinheiro antes da data predefinida, é possível repassar o título a outro investidor através do mercado secundário. 

Ocorre, entretanto, que o preço unitário (PU) pago por cada título, será diferente daquele que foi pago na negociação primária, pois será definido pela marcação a mercado, que é a atualização diária do preço dos títulos

Essa atualização é feita com base nas condições econômicas, nas taxas de juros que estejam sendo praticadas e no prazo do vencimento do título. Na marcação a mercado, quando a taxa de juros no mercado cai, o título com taxa maior se valoriza. Quando a taxa sobe, o valor do título cai. 

Em linhas gerais, prevalece a lei da oferta e procura: se você possui um título cuja taxa de juros é superior à que está sendo praticada, obviamente este título estará valorizado, e o mesmo pode ocorrer de forma inversa. 

Para quem leva o título até o vencimento, a nova regra muda alguma coisa? 

Se você tem um título de renda fixa que será levado até o vencimento, receberá por ele exatamente a taxa que foi acordada no momento em que o adquiriu. 

Então, a única coisa que muda com a nova regra, é que você verá a oscilação do valor do título diariamente, alterando o seu saldo teórico para cima ou para baixo. 

Na minha opinião, além dos aspectos de transparência e previsibilidade, a nova sistemática será também muito didática para os investidores entenderem a lógica do mercado. Assim, as oscilações nos preços desses ativos de renda fixa ficará muito clara. 

Tesouro direto e nova regra de marcação a mercado

Na verdade, a mudança de prazos de vencimento em títulos do Tesouro Direto é uma rotina padrão adotada há bastante tempo, visando ajustar as ofertas de títulos, de forma que o vencimento prolongado possibilite alíquotas menores de imposto de renda, de acordo com a tabela regressiva. 

Os novos títulos têm vencimentos mais longos do que aqueles que foram excluídos da plataforma de negociações, mas todos eles continuam sujeitos à marcação a mercado ao longo do caminho. 

O ágio ou deságio sobre cada título estará determinado pelo cenário econômico. Sendo assim, os títulos mais longos tendem a passar por maiores variações. Mas, para quem vai levar até o vencimento, como sempre, vale a taxa contratada.

As mudanças nos títulos do Tesouro direto foram as seguintes: 

Títulos que saíram: Novos títulos:
Tesouro Prefixado 2025Tesouro Prefixado 2026
Tesouro Selic 2025Tesouro Selic 2026
Tesouro Selic 2027Tesouro Selic 2029
Tesouro IPCA+2026Tesouro IPCA+2029

Se você possui títulos que foram excluídos, não há com o que se preocupar pois nada muda. A única diferença é que esses títulos não estão mais disponíveis para novas compras, no mais, as regras continuam as mesmas. 

“Mira, eu vou perder dinheiro com a nova regra de marcação a mercado?”

Quando você adquire CRI, CRA, debênture ou títulos públicos, deve fazê-lo levando em conta o prazo de vencimento do ativo. Vender antecipadamente é algo a considerar apenas se for para realizar lucro por terem se valorizado além do esperado. Do contrário, o ideal é levar até o vencimento e, assim, receber a taxa combinada. 

Não precisa, então, se desesperar ao ver no seu saldo de investimentos que os títulos estão valendo menos do que você pagou. Essa oscilação sempre existiu e continuará existindo – você só passará a tomar ciência dela.

Tenha em mente que o prejuízo só se consolida se você vender antecipadamente em um momento que seus títulos estejam em baixa. Não recomendo que você faça isso. 

Se você quer entender um pouco mais a marcação a mercado, no meu canal do youtube há uma aula de mais de duas horas de duração, em que explico tudo sobre Renda Fixa, tipos de ativos, negociação, mercado primário, secundário e muito mais. 

Espero você lá.

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